sábado, 28 de novembro de 2009

Palavra do dia: Babel

"Devia ser proibido debochar de quem se aventura em língua estrangeira" [Chico Buarque, Budapeste]

Babel, segundo a Bíblia, é a cidade onde foi erguida uma torre muita alta, através da qual os homens queriam alcançar o céu. Como castigo, Deus separou os homens em diferentes povos, fez com que falassem várias línguas diferentes e não mais se entendessem, e os disperçou sobre a Terra.

E essa é a palavra do dia porque, bem, é fantástica a quantidades de línguas e dialetos que temos no mundo, não acham? E eu estou na Alemanha, falando inglês praticamente o tempo todo - até agora. E sou brasileira. Informação, informação.



Bem, é nessa rua que estou ficando. Stühlingerstrasse ;D Mas, comecemos do começo, que o povo por mim anseia.

1- "Nach Freiburg, bitte!"
Chegando ao aeroporto de Frankfurt, passei tranquilamente pela Polícia Federal deles, peguei minhas gigantescas malas, e lá fui eu, bela e faceira, me achando A germano - hablante. Pois é. E achar a bodega dos trens de longa distância? Já tava altamente tensa, já tinha ido pra lá e pra cá, quando, depois de pedir várias informações várias vezes, achei o bendito do lugar. Beleza. Cadê que o tio que vendia passagens falava inglês? HAHA! Pois é, rezei pra ter feito tudo certo até aquele momento e fui procurar o lugar de embarque. Aí, sim, o terror começou.

2- Deutschebahn
Depois de carregar 40kg de mala + mochila + bolsa pra dentro do trem. WTH do I put them? É, não tinha lugar praquelas monstruosidades no vagão e eu quase amarrotei vários pés indianos e alemães. Mas, apesar de todos me olharem com aquela cara de: "Was ist denn los? Oo", foram muito fofos me ajudando ao dar sugestões de onde pôr as malas. Alles gut.

3- Maimhof
Então, né... Tive que trocar de trem. Geeenteeem, morri de medo. Eu tinha 12 minutos pra trocar de trem e, se pontualidade britânica existe, certamente, a germânica também... Se eu perdesse a estação, ia parar em Munique, se eu errasse o trem, sabe-se lá Deus onde eu ia parar Oo Peguei o trem certo, carreguei malas, suei e, finalmente, dentro do trem... TCHAM TCHAAAM! No sits! É, pois é, é interessante que se reserve o acento...

4- Turista fora do Brasil
Gente, juro que se eu ver alguém reclamando do atendimento ao turista no Brasil, eu MATO! Nosso país, em desenvolvimento, blá blá blá, TODO MUNDO QUE TRABALHA COM TURISMO FALA INGLÊS. Aqui não é bem assim. E, dessa forma, eu, exausta, cheia das malas e morrendo de medo de me perder, não reservei um acento e fui em pé metade do caminho. Ir em pé não é problema. O problema é ficar cheia das malas no meio da passagem e ser olhada tortamente por várias pessoas. Mas, enfim, agora stounlingrada, manos e reservarei um lugar pra minha bunda se acomodar em outras viagens ;D

5- Bitte, wo kann ich eine Taxi zu finden?
Fiiinalmente em Freiburg, dei uma LEVE, básica, sutil e quase imperceptível relaxada, ao chegar à estação que, segundo a Ina, era perto do Goethe Institut, mas, que eu deveria pegar um táxi para ir até lá, porque eu poderia me perder. OK, mas, onde acho um táxi? Sair da estação foi outro parto porque, com malas, eu não podia pegar escadas. Achei um elevador. Hum, muito bom. E agora, pra que lado? Já está escuro, são 17h, e você está completamente perdida e sozinha. Vamos em frente, Elizabeth! E lá fui eu com minhas malas, pra direita, porque, bem, tinha um hotel praquele lado e, onde tem hotel, tem gente que fala inglês e, claro, táxi!

6- Goethe Institut
Chegando no hotel, a recepcionista falou que poderia chamar um táxi pra mim, super fofa, mas, quando eu falei que queria ir ao Goethe, ela falou que eu devia ir a pé, porque era bem perto. Eu tava com meus braços quase caindo, já, a essa altura do campeonato. Mas, OK, bravamente, lá fui eu. O Goethe era, literalmente, quase ao lado do hotel. E era LINDO. E já estava fechado =D

7- Bisonha XD
Pois é, vossa sábia amiga esqueceu de anotar o endereço do alojamento e o código. Afinal, achei que eu conseguiria acessar meu email em algum aeroporto ou estação de trem. Masss, nem Frankfurt nem Guarulhos nem nada. Felizmente ainda havia uma mulher na secretaria, e ela foi muito legal, me deu um mapinha e meu código. O alojamento não parecia ser muito longe, mas, como eu já disse... Escuro, braços doendo mais do que se eu tivesse malhado o dia todo... Fui pegar um táxi, como Inaiara Wilke me havia recomendado ;D

8- ACHMED, THE IRANIAN TAXIST!
Voltei pra frente do hotel, falei com um taxista que me passou pra outro. Falava alemão bem e o inglês... Dava de entender. Naquela básica conversa de taxista, ele me perguntou meu nome, falou que era iraniano e se chamava... ACHMED! OMG, OMG, OMG, OMG, alguém faz a MENOR ideia do quanto eu tive que me segurar pra não rir? Não, certeza que NINGUÉM sabe! Até aí, beleza. Depois do meu hercúleo trabalho pra não rir, ele me passa o cartão dele. Internet & Disco taxi. Eu perguntei porque. Então, ele me aponta o notebook no painel, que, até aquela hora, eu achei que era pra ele consultar coisas. Até aí, tudo bem. Até que eu tive a brilhante ideia de perguntar: "Mas e a discoteca?". Gente... Ele ligou o som e... Se liguem, cereja do bolo: UM MINI GLOBO DE LUZ NO TETO DO CARRO. KKKKK, ok, não consegui mais segurar! Ri DEMAIS, ele falou que era o primeiro e único disco táxi de Freiburg! Bem, ele foi bem legal comigo, me mostrou o mercadinho do início da rua, falou que gostou de ter me conhecido, me deu um abraço, e, finalmente, casa!

9- Gästhaus
Depois de pedir ajuda pra uns suecos, trocar ideias com eles, fui ver qual era a do meu ap. C 218 E essa é a vista do meu quartinho. Agradável, isnt it? ^^ Mas, eu precisava comer.

10- Leite sem lactose
É incrível como tarefas simples conseguem virar tormentas, quando não se conhece direito uma língua. Comprei leite sem lactose e água mineral com gás. Tudo bem. Hoje já fui ao mercado duas vezes, pra comprar algo pra fazer. Acabei comendo só salada. Quem lê até pensa que tô virando uma mocinha saudável. Mas, é só porque não faço IDEIA do que cozinhar. E pra contrabalançar a sutil barra de chocolate que comprei hoje, também. Aliás, se, um dia, no Brasil, o chocolate for tão barato quanto é aqui, vou explodir.

GAP: O chocolate ser caro no Brasil é uma verdadeira afronta. Afinal, cacau vem daí, até onde eu sei.

Mas, tudo bem. Pãozinho, leite sem lactose, banana, banho, falar com os miguxos e capotar. Eu estava imprestável.

11- Google maps
Só acordei no dia seguinte, às 15h, quase morrendo, porque tinha que descobrir onde ia ser o Thanks giving (Ação de Graças) do pessoal do CS (www.couchsurfing.org). E também porque eu tinha que comprar um adaptador pra carregar a bateria do pc. OK, OK, tarefas concluídas (THANK GOD FOR GOOGLE MAPS! AMEN!), lá fui eu m'arrumar pra achar a tal da Habsburgerstrasse. A pé, claro! Porque é mais fácil eu me perder de bonde do que a pé, com os nomes das ruas na mão. Como era a apenas 30 minutos de onde eu estou, fui, felizona. Cheguei lá uma meia hora antes. Muito bom. Não achei o tal do número 59. Muito ruim. Mas, uns 20 minutos depois, achei o David, que era uma das pessoas que estariam lá nessa rua, também. E perdemos a Vero, que era a única que sabia ir pra Bad Krozingen - que é uma cidadezinha próxima, onde seria o encontro. O David ligou pra Vero e, nos achamos! Wee Hee!
Aí estão, meus doutorandos em linguística favoritos =D

12- Couchsurfing
Bem, chegando lá, aí, sim, Babel! Beth brasileira, uma espanhola, um turco, uma nepalense, alemães em peso, franceses, uma coreana do sul (é assim? Oo) e apenas um norte americando pra salvar a tradição do PERU de Ação de Graças. Foi muito legal, apesar de eu e a Choi (South Korea) sermos as únicas que não falavam alemão e, portanto, um empecilho, algumas vezes. Mas, todos muitos amáveis. E eu, pela primeira vez, couchsurfeei. Wee hee 2! A Veronika - aka Vroni, Vero, etc - foi muito amável, e o sofá dela, ótemoan! Googlei mais uma vez e, dessa vez, ele não foi tão legal.

13- Stühlingerstrasse
Vim da casa da Vroni pra cá, também a pé, que ainda me sinto mais segura. Ah, então, eu até que me achei, mas, faltou uma informação básica, do tipo: passe por baixo do viaduto, subterraneamente. Daí, tive que voltar, pedir informações em alemão - gente, os alemães são muito amáveis, é chocante, sério! Pedi informações várias vezes e, o que deveria levar 40 minutos levou uma hora, mas, OK, cheguei bem aqui, tirei várias fotos pelo caminho. Tô feliz, e tal.

14- Corvos
Hoje, no meio do caminho de volta, vi um corvo do tamanho do Costelinha. Não que isso signifique muito, posto que o Costelinha é minúsculo. Mas, agora eu entendo o Edgar Allan Poe. O corvo era enorme e com olhos muitos expressivos e grandes. De fato, uma figura linda e amedrontadora.

E agora... Não sei o que fazer. São quase 21h, e tem uma festa do CS pra ir. É a 30 minutos daqui. Mas, vai acabar tarde, e eu tenho medo de voltar sozinha numa cidade onde eu ainda não conheço ninguém. E, no escuro, isso aqui parece mais ainda com uma cidade fantasma.

Beijos, babes!

3 comentários:

  1. beth! Voce ta aqui na europa? Meuuuu, nem acredito /o\ vai ficar muito tempo, pouco tempo? huhuhu, sempre me dizem que alemanha é o maximo em perfeiçao e è linda, quero conhecer ainda...

    beijos!

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  2. Achmed, sim eu imagino a força que tu teve que fazer pra não rir ahhaahahah
    Depois que eu fui pro Canadá e os Corvos ficavam na minha sacada no hotel, não só passei a entender o Alan Poe como também super me identifiquei com os Corvos (longa história).
    Amei que você fez o blog e estou adorando os relatos :D

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  3. eu falei pra vc não exagerar nas malas, betinha!!!
    sei como é carregar malas pesadas pra la e pra ca... mas pense, ta fazendo musculação, flor! hahahha
    e pq raios tu não foste de avião até a tua cidade? deus me livre pegar mil trens com malas no primeiro dia! doidaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!

    saudades =*******

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