quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Alguns motivos para um brasileiro não freqüentar bibliotecas

Sabem por quê os brasileiros não freqüentam bibliotecas?

1- 90% das cidades brasileiras tem pelo menos uma biblioteca. 66% dos cidadãos sabem da existência dessa biblioteca, segundo a Pesquisa Retratos da Leitura, de 2008;

2- Quando existem, as bibliotecas estão em locais centrais, tendo as crianças e adultos que pegar ônibus (um dinheiro que, convenhamos, poucos têm) ou andar por muito tempo, até chegar à tal biblioteca;

3- Os horários de funcionamento são bons para os empregados, e não para os leitores;

4- Os livros são horríveis, hein? Como bibliotecária, posso falar com toda certeza: as pessoas doam, quase que exclusivamente, livros velhos, comidos de traças e baratas e altamente desinteressantes. Daqueles que o bisavô morreu, elas ficam com pena de jogar fora, e deixam esse papel pra bibliotecária. E as compras do governo? Compras? Certamente, todos os bibliotecários riram, agora!;

4.1- Os livros não são interessantes. Livros infantis baratos, textos pobres e moralistas, ilustrações péssimas. Livros infanto-juvenis.. Quem liga para os adolescentes?! Estudantes? Eles têm a biblioteca da faculdade / escola. E os adultos? Só de auto-ajuda e espiritismo e Paulo Coelho viverá o homem;

4.2- Os livros são velhos e desatualizados. Estudar na biblioteca com um atlas de 1978 ou um manual de Economia de 1999? Levar um livro todo mofado pra sua filha de 5 anos? Dá gosto pegar um livro limpinho, sem rasuras, manchas, sem folhas caindo. SIM, ISSO É POSSÍVEL! Não, um livro estar nojento não quer dizer que ele foi muito emprestado! Quer dizer apenas que a biblioteca não tem dinheiro / interesse pra consertar ou comprar um livro novo, que o povo não tem educação, e, ainda, que a biblioteca não tem uma política de conscientização;

5- As acomodações também são horríveis! Digamos que o leitor vença a barreira da distância, tenha um tempo pra ler na biblioteca e encontre um livro legal e limpinho... Onde ele vai sentar? Sofás? Pufes? Por quê não? Ar-condicionado, aquecedor, janelas. Vamos acolher o usuário!;

6- Falta de informação;

6.1- Muita gente ainda acha que paga pra entrar. Que paga pra ficar. Que paga pra ler. Que paga pra levar livro pra casa;

6.2- Muita gente nem sabe que na cidade tem uma biblioteca;

6.3- Muita gente nem sabe pra quê serve uma biblioteca;

6.4- Muita gente até sabe onde, o que é e pra que serve uma biblioteca, mas ainda acha que biblioteca é lugar de rico, de gente culta. Biblioteca é espaço de convivência social;

7- A biblioteca não é vista com um espaço de convivência social. Tem gente que ainda se irrita com pais lendo em voz alta pras crianças, que não troca figurinhas de livros com outros usuários, tampouco com os bibliotecários;

8- A biblioteca não é um centro de cultura. Computadores para os usuários; DVDs, CDs e VHSs nos acervos; hora do conto; oficinas; debates; palestras; saraus: tudo isso é muito raro em terras tupiniquins;

9- Os bibliotecários não têm interesse. Não. Não, mesmo. Já conheci até bibliotecário que não gosta de ler, trabalhando em biblioteca comunitária. Bibliotecário tem que agir de acordo com sua biblioteca, ou caia fora, como indicar livros, fomentar a leitura, se você mesmo não lê?

9.1- Os bibliotecários não são amigáveis / acessíveis;

9.2- Os bibliotecários AINDA fazem "SSSSHHHHH"!;

10- A biblioteca não é lazer, é tortura. A eterna briga escola x biblioteca. O pedagogo / professor manda a turma pra biblioteca como castigo, ou pra fazer pesquisa. Nunca pra pegar um livro que lhes tire a respiração;

11- A internet. Ah, claro, vamos culpar a internet, que nem os comunas culpam a globalização por qualquer coisa! Mas, não é isso. Em mundo 24/7 com twitter, facebook, revistas e jornais e livros online... Para quê ir à uma biblioteca que nem computador tem? Assim como um profissional se adapta e se atualiza, a biblioteca também deve fazê-lo, tornando-se sempre atraente para seus usuários;

E, claro, a cereja do bolo:

12- A falta de interesse dos governantes. "Um país se faz com homens e livros", clássico de Monteiro Lobato. Povo letrado é povo crítico. Acesso à informação, transparência, por quê alguém quereria isso no Brasil? Povo manipulável facilita a compra de votos, a corrupção.

Não é absurdo que o cidadão não freqüente bibliotecas. Asburda é a simplicidade desses motivos.

Fica o convite:

segunda-feira, 11 de abril de 2011

N. A. [Nota da Autora]: Duas perdidas numa noite suja.

Na verdade, a noite até que foi bem limpa, uma vez que a nossa história se passou em Curitiba. Mas, que estávamos BEM perdidas, ah, isso, estávamos, sim.

[Pra quem não entendeu a referência, aí vai: http://www.doisperdidos.com.br ]

Tudo começo-ou, há um tempo atrás, na ilha do So-o-ol quando eu e Déborah resolvemos passar o carnaval em Curitiba pra curtir um carnaval tranqüilo e alternativinho, TOTALMENTE diferente do que rola aqui na Ilha da Magia. A pedida de domingo era a night METÁÁÁÁU no http://www.bloodrockbar.com.br. A Déh falou ,vindo de fontes seguras, que os shows começavam às 23h. ÓÓÓÓÓTEMO, fomos dormir bem felizes, acordamos às 22h, nos montamos tooooodas, 100% pirigotagem na veia, e partimos, sem olhar direito, com o Googlemaps.

Gostaria de ressaltar o quão montadas estávamos, ou isso tirará toda a graça do incidente. Déborah estava de corset, uma saínha muito pirigótecan e um peep-toe bem alto. Eu estava de blusa e saínha de renda, decotão e uma sandália pisa-macho. Ambas de olhos bem pintados. Continuando.



Estávamos nós, saindo de casa 00 e plocs, quando, Elizabeth, marotamente, se perdeu no Bacacheri. Voltando pro rumo certo, de súbito, escutamos: PLAFT, PLAFT, PLAFT, PLAFT, PLAFT!!!!!. Assustada, achando que tinha, sei lá, um galho de árvore grudado na calota, saltei do carro, na garoa, MOOONTAAADAAAA ¬¬ pra ver o que era o barulho. E o que era? Sabem aqueles troços de amarrar coisa em cima de carro? Tipo uma corda, com dois ganchos? Pois é. Um dos ganchos estava no pneu traseiro da direita do meu carro. Não consegui, obviamente cortar o troço, então, dei um nó, pra diminuir o barulho, e pra não arranhar o carro. E agora, Déborah? O que faremos? AUMENTAREMOS MUITO O SOM, pra Beth não ficar que nem uma louca, nervosa pra caraca, com esse barulho. Avistamos um posto de gasolina ABERTO, uns 100 metros depois... HERE WE GO!

Chegando lá... Sabem cidade pequena? Que o povo fica bebendo no posto com o som alto? Pois é... Visualizem, agora, uns 3 carros parados nessa situação, e chegam duas pirigótecans pedindo MOÇO, PELAMORDEDEUS ONDE TEM UMA BORRACHARIA 24h? T_T, pro frentista.

NOTA: Saibam que Curitiba NÃO TEM borracharia 24h (y)

Beleza, o frentista, muito querido, resolveu nos ajudar. Nisso, OBVIAMENTE, todo o posto já estava olhando pras nossas fucinhas, meio desconfiados. Dois rapazes que estavam bebendo com duas moças - tão montadas quanto eu e Déborah, mas, mais pro estilo sertanejo universitário da coisa :P - resolveram, então, ajudar-nos. Dois rapazes e um frentista. O frentista ganhou 10 pilas, e os rapazes, uma Heineken cada um e, garantimos, todos ficaram bem felizes.

Long story short: Chegamos quase 2h da manhã no bar, os shows tinham começado, tipo, às 20h, e a gente nem acompanhou nenhum deles, pegamos o último no fim. O bar fechava às 4h, Déborah foi xingada em larga escala por minha OOOOmilde e headbanger pessoa, fomos cantadas por gente aleatório e ganhamos uma história pra contar pros nossos filhos.

E é isso aí.

Don't cry for me, Wacken.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Palavra do dia: palavra

Palavra é aquilo que usamos pra nos expressar. Tem uma sonoridade gostosa, palavvvvrrrrrra. Lavrar, trabalhar, lapidar, até que saia como desejamos. Contém sílabas. Contém letras. Contém sentimentos. Contém ar, peso, profunidade, ausência, presença. O ser humano tem uma necessidade latente de se expressar. Se você tem um blog, provavelmente, não é porque você não tem amigos, mas, sim, porque você tem pensamentos.

Quem nunca quis escrever um livro? Escrever um sentimento? Escrever uma agonia no peito, que não passa, a gente sabe que não passa, enquanto não tivermos a pessoa em nossos braços?

Escrever no próprio corpo os verbos lascivos que queria praticar no corpo do outro.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Palavra do dia: Scarless

Scarless, sem cicatrizes. Deve ser chato não ter cicatrizes. Se você não tem cicatrizes, não as tem por três motivos:

1- As feridas ainda estão abertas;
2- Sua vida é chata;
3- Você é chato.

Eu tenho algumas e, sinceramente, espero ter ainda muitas mais, assim como espero que todos vocês tenham. A última tá terminando o processo agora, e, nossa, me ajudou muito. Há alguns anos eu venhos dizendo que eu não sei o que eu quero de um relacionamento, mas, sei exatamente aquilo que eu NÃO quero. Graças ao atual processo de cicatrização, eu tenho quase certeza que eu sei o que eu quero pro futuro. Não falo que tenho certeza porque, bem, "certeza", "sempre", "nunca", são palavras que tenho evitado usar há aproximadamente um ano.

Sangrar, se ferrar, quebrar a cara, tudo é um processo e, sabedoria popular, that that doesnt kill me only make me stronger*.

[* fica mais legal se você cantarolar Skin o' my teeth, do Megadeth ]

E tem aquelas feridas que não vão sarar nunca, e talvez até sangrem constante e eternamente, ou se reabram toda vez que alguém tocar. Como a morte de alguém que amamos, seja ela literal ou não.

Medo de me machucar de novo? Não mais.

Have no fear
These are wounds that are not meant to heal
And they sing in venere veritas
Come inside let the fire burn you alive
And sing baby sing
There are wounds that are not meant to heal at all
In venere veritas


In Venere Veritas, HIM

In Venere Veritas, my ass. In Eros Veritas.

É isso aí.

Don't cry for me, Oświęcim.